terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pick me, choose me, love me



("palavras que nunca te direi" ja dizia o titulo do outro filme ....deveriam ter sido ditas ha muitos anos atrás mas que nunca foram, nem serão ditas e que por esse motivo ficou tudo tão confuso durante tanto tempo..... mas agora ja está tudo percebido e a vida continua)

“O homem que é firme, paciente, simples, natural e tranquilo está perto da virtude.”

Há alturas na vida que passamos por uma situação e a partir daquele momento simplesmente tudo fica claro na nossa cabeça sobre um determinado assunto da nossa vida ... dificil de explicar, mas por vezes parece que determinadas coisas que nunca entendiamos no passado se encaixam, passamos a entender... e agora? enfrentamos de frente o touro agora que sabemos de tudo ou seguimos outro rumo na vida agora que sabemos o que tanto nos baralhava?
Decisão no minino curiosa, porque se por um lado temos medo de cometer uma grande argolada, por outro achamos que sem isso de nada vale ter ficado tudo tão claro na nossa mente.....
Claro que o nosso pensamento pode estar completamente confuso.... mas se calhar se nunca arriscarmos nunca saberemos

Esta é uma passagem de um filme PS I love you, que me faz recordar uma dessas situações que a vida nos apresenta:
Gerry Kennedy: [after their kiss in Ireland] Where are you going?
Holly Kennedy: Stay.
Gerry Kennedy: You have my jacket.
Holly Kennedy: I'm keeping it unless we meet again, otherwise that will be the most perfect kiss ever shared by two strangers
Gerry Kennedy: I bet we will meet again.
Holly Kennedy: You better win that bet, because if we do, that'll be the end of it.
Gerry Kennedy: The end of what?
Holly Kennedy: Life as we know it.
Gerry Kennedy: I'm singing at this...
Holly Kennedy: Shh, if I happen to walk into the right one in the right town.
Gerry Kennedy: What's your name?
Holly Kennedy: No.

choose


"Deita fora as boas avaliaçoes e guarda as más para poderes aprender com elas"
(um amigo do Jamie Oliver)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

acertei no alvo?


e depois ai temos.... uma fase da vida que nunca esperamos ter.... constamos que passamos o tempo a pegar no arco e flecha e atirar contra uma parede ou arvore e depois pintamos os circulos do alvo em redor, convencidos que assim todos vão pensar que acertamos mas na verdade, nem tudo é cor-de-rosa e quem são os primeiros enganados somos nós.... porque o segredo está mesmo em ter o alvo desenhado e pegar no arco e flecha e acertar no centro, e não o inverso.... e esta heim dá que pensar não dá, quantas vezes na vida pintamos o circulo e raramente nos lembramos de acertar num circulo que ja esteja desenhado.... dá mais trabalho e é mais complicado eu sei... mas é muito mais gratificante, vos garanto
esta comparação apareceu num livro de jorge bucay e achei linda, por isso tinha que partilhar de alguma forma

em que ano estamos mesmo?


Há alturas em que lemos algo e pensamos porque é que eu li mesmo isto??? Bem, li o horoscopo esta semana e fiquei a olhar para aquilo e pensei "que raio???" aqui vai o que la estava escrito:

"A Morte indica que algo vai ser transformado. Alguma situação vai mudar. Não tenha medo do futuro. Abra os braços ao novo neste seu novo ano de vida, querido Escorpião! Acredite que o seu novo ano vai ser bem melhor que o que acabou agora."
Então que venha, como a bailarina da pintura, desafio o destino a mostrar-me do que é capaz... sempre estou para ver se o destino é capaz de fazer melhor que eu

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Billie Jean



apresantado por uma amiga minha MJ, tinha que partilhar aqui: Billie Jean by Aloe Blacc & The Grand Scheme

say when

O que fazer quando queremos alguém que está no outro lado do mundo, por exemplo ?? Pergunto o que fazer? não estaremos a pedir de mais ao "destino"? Começo a achar que ficamos um bocado viciados no "acreditar" e acabamos por pensar que tudo mas tudo mesmo é possivel, ... quer dizer depois de tudo o que vivi acredito que tudo é possivel .... mas achamos que mais é melhor, alias que nada é de mais no que toca ao que desejamos para nós, porque no fundo não queremos dizer quando deveremos parar... porque sabemos que se continuarmos a lutar e a acreditar um dia, um dia a vida surpreende-nos
Dr. Meredith Grey: I have an aunt who whenever she poured anything for you she would say "Say when". My aunt would say "Say when" and of course, we never did. We don't say when because there's something about the possibility, of more. More tequila, more love, more anything. More is better.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

eu penso positivo porque estou viva


Porque Fernando Pessoa é provavelmente o melhor escritor portugues de sempre, não poderia ter um blog sem escolher um poema dele e nada melhor que um poema onde fala em aproveitar a vida ao máximo, como tento fazer cada dia, mesmo quando faço pouco, esse pouco que seja intenso, que o trincar de uma maçã, o olhar para o mar como se da primeira vez fosse, olhar para um grafiti numa parede de um bar na praia e pensar como aquilo está tudo tão giro e descrobrimos novos pedaços que não tinhamos reparado da outra vez na pintura, ler um livro pela primeira vez e aprender coisas novas.... olhar tudo com olhos de criança e em toda a nossa ingenuidade, abraçar a vida em toda a sua grandeza.... o heteronimo de Fernando Pessoa "Alberto Caeiro" mostra isso neste poema:

"Sou um guardador de rebanhos
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz."
Alberto Caeiro

si ka badu ka ta biradu


às vezes conhecemos pessoas que não sabemos porquê nem como sentimos sintonia e queremos saber mais daquela vida porque sentimos uma enorme empatia.... somos cativados.... penso que é um bocado como principezinho e a rapousa em que cada vez que falavam cativavam-se, como amigos, e quando se separaram .... bem para quem nunca leu deixo um pedaço do texto que se encontra disponivel na internet:

"No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.- Então, não sais lucrando nada.

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo."

de Saint Exupery

O cabelo do principezinho é da mesma cor do trigo e sempre que ela olhasse para o trigo iria lembrar-se do principezinho e de todas as boas memorias dos sitios que associava a ele e das conversas que tiveram. Penso que temos muito a aprender com este texto porque tal como com as pessoas que conhecemos, aprendemos sobre os outros mas sobretudo sobre nos... ajuda-nos a encontrar novos caminhos... tudo na vida é incerto e quem cativa e deixa-se ser cativado... penso que é como se fosse uma dança a par, ha cumplicidade, ha alegria, ha partilha e depois a musica termina e é como se tudo o vento levasse, vai cada um para seu lado, mas aquele momento ficará para sempre nas suas vidas e memorias.... e esperamos sempre voltar a estar com aquela pessoa ou naquele local mas se não voltarmos, bem então ai é como no filme Casablanca "teremos sempre Paris"

Dedicado: a todos os que conheci e com quem aprendi muito em Bali, espero brevemente voltar, mas se não voltar, neste caso "teremos sempre Bali"

"si ka badu ka ta biradu" é crioulo de Cabo Verde e significa que "é preciso ir para poder voltar"

sábado, 20 de novembro de 2010

Jorge Bucay em entrevista

o meu escritor de eleição... uma pessoa que escreve como ninguem e que nos abre os olhos, diria que cada livro dele é como ler o principezinho de novo, todas as vezes que lemos, lemos com outros olhos e percebemos outra coisa igualmente importante para a nossa vida, que nos completa e nos torna mais humanos, e com os olhos mais abertos para o mundo

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

a ti avó


hoje por acaso so me deu vontade de rir, a minha avo acha muita piada ter netos de outra cor da pele da dela, entao faz questao de dizer isso a todas as pessoas que encontra na rua e que sao da mesma cor que os netos e diz, sabe o meu genro é da terra *****, como se aquela pessoa por ter aquela cor de pele tambem fosse.... é um bocado estranho, mas é a sua maneira de mostrar-nos que esta a vontade com a situaçao, tendo em conta que na geraçao dela, a nossa cor de pele em alguns paises poderia gerar muitos problemas.... curioso é que a minha avo durante muitos anos da sua vida morou perto da embaixada dos EUA.... por isso fartei-me de rir hoje a imaginar a minha avo a passar pelo presidente dos EUA e dizer, "ola esta tudo bem, sabe que o meu sogro é da terra **** e os meus netos têm a sua cor, é uma cor muito bonita"... seria adoravel, vindo de quem vem, era menina para isso e conhecendo-a como conheço o sr presidente dos EUA nao lhe iria resistir, especialmente se ela ainda fizesse os famosos pasteis de bacalhau que sempre fez com tanto gosto para o meu pai.... mimos de avo valem mais que qualquer prenda ou dinheiro.... como se costuma dizer "nao se pega nao se compra nem embrulha".

Dedicado: a ti avo que embora nao devas provavelmente ver este post, és das pessoas mais importantes das nossas vidas, e pela maneira singela que sempre tiveste sempre de lidar com sermos diferentes, obrigada por tudo

consciência o que te devo...


e agora? quando escolhemos e dizemos algo que pode precipitar tudo o que queremos e vemos que finalmente podemos alcançar e quando estamos quase apercebemo-nos que ao alcançarmos isso prejudicamos alguem ..... o que acontece, quando temos consciencia? uma bosta é o que é, bela chatice....acho que nestes casos ha alguem la em cima que altera alguma coisa ca em baixo ou envia-nos alguem para nos abrir os olhos e mostrar que estamos no caminho errado.... então ai endireitamos de novo ....

sábado, 13 de novembro de 2010

Expectativas


criar expectativas ... penso que é do pior que há.... castelos nas nuvens... em relação a tudo.... porque uma coisa é criarmos expectativas com fundamentos, com bases solidas, outra coisa é criar "porque sim" porque gostamos de contos de fadas do seremos felizes para sempre naquela profissao ou seremos felizes para sempre com aqueles amigos ou seremos felizes para sempre com aquela pessoa .... acabamos muitas vezes por depois somar 1 mais 1 e apercebemos-nos que é igual a 2 e ficamos estupidamente surpreendidos .... ridiculo, talvez mas acho que acontece a todos os sonhadores que ainda acreditam no impossivel.... qual a solução? amanha é outro dia e continuar a acreditar, porque um dia vamos encontrar o que procuramos

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

vidas....

... e chegamos aquela fase da vida em que não aceitamos de animo leve palavras, acções ou coisas com que não concordamos... nesta fase começamos a fazer novos amigos a despedirmo-nos dos antigos que já não fazem parte da nossa vida actual por termos seguido caminhos muito diferentes... aquelas pessoas foram importantes e nos para elas, para ambas crescermos, mas a vida tomou novos rumos... crescemos e seguimos em frente e aprendemos muito... Não vou dizer que nao temos saudades dessas pessoas pela importancia que tiveram nas nossas vidas, mas o presente é o que mais conta.... o mesmo se aplica as paixões e amores das nossas vidas, todas fizeram parte de uma das nossas diversas vidas, mas hoje somos uma nova pessoa e apesar delas ainda fazerem parte da nossa mente é como a musica diz, fazem parte até encontrarmos outra pessoa... porque quando encontramos, fechamos essa gaveta do passado e abraçamos o presente.... porque o presente está a bater à nossa porta e é preciso abri-la...

Dedicado a H, M.T. e tantos outros amigos que seguiram outras rotas e dos quais perdi contacto.... pela importancia que tiveram na minha vida, cada 1 na sua escala temporal ... mas a vida segue diferentes percursos e as nossas escolhas fazem-nos abraçar um novo presente e um novo futuro

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

sozinhos no novo caminho


e depois apercebemo-nos que somos os únicos neste caminho, que fazer? acho que acabamos por nos sentir um pouco sozinhos e perdidos, parece que tudo o que faziamos antes deixa de fazer sentido e que precisamos de ver a luz ao fundo do tunel .... muitas vezes temos regras estupidas que nos proprios criamos para criar barreiras de gelo em nosso redor para que outros nao passem, e para quê? ainda nao sei a resposta a esta pergunta.... olhamos em volta e todos parecem saber o rumo a seguir, menos nós,.... nós parecemos meio à deriva, tomamos decisões que por vezes ja nem sabemos se foram as mais correctas, abraçamos o futuro com esperança de encontrar uma resposta para aquilo de que sentimos falta na nossa vida actual e vivemos o presente de forma descuidada sem nos apercebermos que o tempo passa, sem fazermos nada para mudar aquilo com que nao concordamos nas nossas vidas.... o problema está quando não sabemos que decisões tomar e que fazer porque parece que tudo o que fazemos só complica ainda mais e afasta-nos do que gostariamos de seguir e da vida que gostariamos de ter.... nessas alturas, procuramos locais que nos dão paz e nos ajudam a pensar ou entao deixar totalmente de pensar.... por exemplo a praia...porque ha mudanças na vida que podemos influenciar e outras sobre as quais nao temos qualquer poder .... a vida vai-se escrevendo em linhas espaçadas de historias e contos que compõem o que chamamos destino....

terça-feira, 9 de novembro de 2010

All right

Donavon Frankenreiter - All Right (Glow 2010)... é a minha musica de eleição hoje, faz fluir as boas energias e pensar positivo porque tudo o que é bom pode passar mas o mau tambem passa por isso cabeça erguida sorriso na cara e lalalalalala it's going to be all right

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Last Request

Musica de Paolo Nutini. Tinha de partilhar com a turminha esta musica....one last request é o que muitos de nós queremos fazer, a um namorado, a um amigo, a Deus.... tantas vezes dizemos, este é o ultimo pedido que te faço, quando na realidade sabemos que nunca é o ultimo pedido a não ser que essa pessoa desapareça permanentemente das nossas vidas... e ai os pedidos ficam ali, na nossa mente, no nosso coraçao, a vida continua e os pedidos e os actores mudam, mas a questão que fica é se aprendemos com tudo aquilo... bem no que toca a Deus, como esta sempre presente nas nossas vidas, será sempre o pobre coitado (com todo o respeito) que terá que aguentar com as nossas lamurias e pedidos egoistas, egocentristas....

Mas será que pedir é totalmente mau, ou será que nos poderá levar para um rumo melhor e mais positivo para nós..... I just want you closer... grant my last request, and just let me hold you... sure I can accept that we're going nowhere, but one last time let's go there, lay down beside me.... but I'm no wiser than the fool I was before... tell me how can , how can this be wrong?

domingo, 7 de novembro de 2010

Nobody Knows

.... a letra diz tudo.... dedicado a ti ...

cultura....


Nao poderia deixar de partilhar esta entrevista que veio na Visão, não só por ser um dos portugueses a quem vi fazer uma entrevista e que me deixou completamente de queixo caido de admiraçao pela forma como falava da vida, como também porque temos que apostar nos escritores portugueses de qualidade.


"Esta entrevista foi feita em casa do escritor. Como sempre que se encontram dois benfiquistas decentes (passe o pleonasmo), começou por se falar do Benfica. Recordou-se a equipa bicampeã da Europa, e os seus jogadores foram sempre designados pelo nome completo, como deve ser. Dedicou-se um quarto de hora ao pé esquerdo de Fernando Chalana, que, no entanto, merecia mais. A subtileza de Nené e a inteligência de Pablo Aimar foram medidas contra a subtileza e a inteligência de outros (sim, outros) poetas, e ganharam a contenda. Só depois se falou de temas não tão importantes, como a vida, a morte, a literatura. Com desculpas aos leitores, é essa parte menos interessante da conversa que aqui se reproduz.
Quando, ainda criança, o sr. António Antunes assiste a um cortejo fúnebre e se aproxima da ideia da morte pela primeira vez, a prima põe-lhe a mão na testa e diz: «Quando cresceres compreendes» (página 31). Mas ela está a mentir, não está? Nós nunca compreendemos.Nunca compreendemos. Há uma história engraçada do Walt Whitman. Ele estava num velório e havia uma criança ao pé dele. Agarrou na miúda, mostrou-lhe o caixão e perguntou: «Tu não percebes? Eu também não.» É uma incompreensão perante a morte... Eu nunca tinha visto morte. Vi esse enterro de criança, em Nelas, e não voltei a vê-la: eu era o filho mais velho de dois filhos mais velhos, os meus avós tinham 40 anos. Só voltei a vê-la quando entrei na faculdade de Medicina, no teatro anatómico, tinha acabado de fazer 17 anos. E pensei: não sou capaz de ver, não sou capaz de olhar. É uma total incompreensão para mim.
Escrever sobre a morte é um modo de tentar compreender?Nunca ninguém morre nos meus livros, passam é a viver de maneira diferente. O meu pai, depois de morrer, continuou a mudar, a existir dentro de mim. E continuámos a falar. Até que chega uma altura em que estamos em paz e o nosso diálogo é de tal maneira perfeito que nem sequer necessitamos de palavras. E depois sentimos que estamos a viver também por eles. Eu estou a viver pelas pessoas de quem gostei e que, para mim, continuam vivas. Mas, ao mesmo tempo, quando escrevemos, estamos tão ocupados a resolver os problemas técnicos que não sabemos muito bem para onde estamos a ir. Claro que não é escrita automática, mas... Estamos a querer dizer a vida toda. E, no fundo, talvez seja a única maneira que nós temos de vencer a morte. Não sei. Há uma coisa muito mais importante do que o talento: é a bondade. E como, para mim, o defeito mais grave é a ingratidão, a única coisa que eu sempre achei que tinha era a capacidade de escrever coisas em que pudesse dar às pessoas de quem gostava aquilo que não era capaz de lhes dar. Por pudor, por vergonha, por cobardia, talvez, por estupidez. Está a ver? Tomem lá, isto sou eu. Tomem. É para vocês. É um presente que eu fiz. Quando um dos meus irmãos era pequenino, o meu pai fez anos e o presente que o miúdo lhe deu foi uma torrada embrulhada num guardanapo de papel. Nunca vi o meu pai tão comovido. Uma vez, uma das minhas filhas, quando era pequenina, deu-me 25 tostões, nos meus anos. Foi o melhor presente que me deram. Estou a dizer isto e estou a comover-me porque [pausa] nunca me deram tanto dinheiro.
Há um momento no livro em que o sr. António Antunes diz: «Não faz sentido eu morrer» (pág. 53). Na crónica que publicou aqui, na Visão, depois de ter sido operado, António Lobo Antunes escreveu: «Quero ficar sozinho a medir isto, a minha doença, a minha mortalidade, o meu pasmo.» Tanto o autor como a personagem são tomados pelo mesmo espanto. A morte é a circunstância mais corriqueira da existência, mas surpreende-nos a todos.O que senti nessa altura foi: «Estão a brincar comigo, não sou eu. Um cancro? Não.» Mas quando comecei a pensar em escrever o livro decidi fazer uma coisa que nunca fiz: usar uma falsa terceira pessoa. E jogar com os tempos. Porque a carga emocional era tão forte que tinha de me servir de uma série de artifícios técnicos para me ser menos penoso escrever. Para não me comover tanto, para não me emocionar tanto, para não sofrer tanto.
Interpor um filtro de técnica entre o coração e página.Exactamente. Embora, para escrever, tenhamos de ter o coração aberto mas, ao mesmo tempo, todo o conhecimento. Quando eu acabei o curso, havia um professor de cirurgia que era muito bom. Dizia o que tinha a dizer e depois: «Agora esqueçam tudo e vão lá para dentro.» Porque o conhecimento técnico acaba por ser internalizado. E nós, quando estamos a escrever, estamos a aprender a escrever, também, porque qualquer livro bom é um livro sobre como escrever. Qualquer bom escritor está a ensinar-nos a lê-lo. Por exemplo, eu aprendi a ler o Conrad com o Conrad. Ao princípio, não percebia nada, parecia-me uma confusão. O Gogol. Aprendi a lê-los com eles. O Dylan Thomas, que, à primeira vista, parece uma catadupa de imagens sem sentido. E não é. É muito mais que isso, somos nós todos. E então, a minha gratidão para com os artistas é imensa. A melhor crítica de pintura que eu conheço foi feita quando o Théophile Gautier foi ao Prado ver As Meninas. O gajo olhou e disse: «Mais où est le tableau?» Onde é que está o quadro? É quando o livro deixa de ser livro para se tornar nós - nós, leitores. Acontece-me tanto. Às vezes a gente descobre um bom escritor. Descobri, há relativamente pouco tempo, o Cormac MacCarthy. Muito bom. O Kosztolányi, o húngaro. Muito bom. Eles escreveram só para mim. Os outros exemplares trazem coisas diferentes. Eu não gosto de emprestar livros, porque o meu exemplar é que é. Como acho que O Monte dos Vendavais foi escrito só para mim. Ela está a falar comigo, ela conhece-me. Ela conhece-me.
Há outro livro de um escritor português - aliás, seu amigo -, José Cardoso Pires, também escrito a partir de uma situação em que o autor se confronta com a morte, que se chama De Profundis, Valsa Lenta. «De profundis» são as primeiras palavras do salmo 130. «Sôbolos rios que vão» são as primeiras palavras de um poema de Camões que é uma glosa do salmo 137. É uma coincidência que dois ateus, quando colocados perante a morte, invoquem a Bíblia?Eu acho que não há ateus. Não há, não acredito que haja. Há um provérbio húngaro muito antigo que diz: «Não há ateus na cova no lobo.» E há outro que eu acho do caraças, que é: «Qualquer bocadinho acrescenta, disse o rato, e fez chichi no mar.» É magnífico, não é? Talvez seja isso que nós fazemos. Fazemos chichi no mar mas, porra, acrescentámos. Isso dá-nos algum consolo. Mas são duas situações muito diferentes. O Zé podia ser meu pai, quase, e, no entanto, era o melhor amigo que eu tinha. Era um homem excecional. Telefonava todos os dias. Era um homem duro, cheio de arestas. Uma vez mostrou-me uma coisa do Redol, que era uma pessoa que ele admirava muito. Eu lia os livros do Redol e não gostava nada. E um dia percebi. Ele mostrou-me uma carta que o Redol, que estava a morrer em Santa Maria quando eu era estagiário, lhe escreveu. Uma carta em papel timbrado de um hotel. O timbre era uma coisa muito pomposa. E o Redol despede-se. Zé, nunca mais te vou ver, fui muito teu amigo, e tal...P.S.: Já viste papel de carta com mais mania? O Zé disse: «Foi a única vez que eu chorei como uma criança.» E o Zé, quando chega a altura do De Profundis, escreveu aquele livro pequeno porque já não era capaz de o escrever grande. Foi muito diferente disto, porque eu estava cheio de força quando estava a escrever o livro, embora me tenha custado muito. Eu li, há dias, uma entrevista do escritor [José] Rodrigues dos Santos, julgo que na Visão, em que ele dizia que, se o escritor não tem prazer em escrever, o leitor não tem prazer em ler. Qualquer coisa desse género. Meu Deus... O Zé dizia: «É preciso que a gente sofra para que o leitor tenha alegria.» Lembro-me sempre daquele primeiro verso do Endymion, do Keats: «Uma coisa bela é uma alegria para sempre.» O que eu devo aos livros, e à pintura, e à música... O que eu devo ao André Brun...
Ao André Brun?O André Brun foi comandante do meu avô, na guerra, era oficial do exército. O meu avô dizia que era um homem de uma coragem extraordinária. E depois ficaram amigos. Ele morreu relativamente cedo, e o meu avô contava, comovido, que, na última vez que o visitou, perguntou-lhe: «Então, André, como vais?» E ele respondeu: «Olha, se calhar vou de casaca.» E tinha lá os livros todos do André Brun. O que aquele homem trouxe aos meus 10 anos foi imenso. E era um humorista. Tem um livro passado nas trincheiras onde consegue fazer humor com situações muito complicadas, de vida ou de morte. O que eu devo às Selecções do Reader's Digest que havia em casa dos meus avós. Perguntam a um escritor: quem foram os autores influentes para si? Homero, ou este, ou aquele, ou aqueloutro. É mentira, isto.
Quem são os seus?A mim, o que me deu vontade de escrever foram o Almanaque Bertrand, o Pato Donald, O Mandrake... Foi por causa disso que eu comecei a escrever. Estava sozinho, escrevia, e depois é um milagre, para uma criança, que as palavras, postas à frente umas das outras, façam sentido. Até que descobrimos que há uma diferença entre escrever bem e escrever mal. E aí, pelos 20 anos, descobre-se que, entre escrever bem e uma obra-prima, há uma diferença ainda maior, e que só vale a pena escrever para ser o melhor. Para dizer aquilo que nunca foi dito. Como é que eu hei-de explicar? Eu sinto-me um elo de uma corrente que começou muito antes e acabará muito depois. E quem é que escreve? Quando escrevemos, quem é que escreve? Quem é que, através da nossa mão, se exprime? Quem? Não sei. A gente só tem perguntas, e quando encontra respostas elas transformam-se em novas perguntas. Então, nunca faremos o livro que queremos, porque pode-se sempre ir mais longe. E, se conseguirmos trazer uma coisa que achamos nova, percebemos que essa coisa é uma porta que dá para outra coisa ainda, e outra, e outra, e outra...
Quem é que o António lê hoje?Nós temos poetas contemporâneos de grande qualidade. O Vasco Graça Moura é um grande poeta. Um, que descobri há relativamente pouco tempo: Manuel António Pina. É muito bom. António Franco Alexandre. É muito bom. E estou a esquecer-me de nomes. Pedro Tamen. Infelizmente nas traduções de poesia, essa qualidade não passa. Mas eu gosto tanto de ser português, pá. Gosto de Portugal. No aeroporto, conheço logo a bicha do avião que vem para Portugal: são os mais feios, mais pequenos, mais escuros. Mas gosto. Gosto do nosso mau gosto. Gosto. Há um lado meu que adora essas coisas: cães de faiança, molduras de talha. Gosto. Quadros de palhacinhos a chorarem, de gatinhos a saírem de botas. Gosto. Um livro sem mau gosto é mau.
Em De Profundis, José Cardoso Pires fica sem memória; em Sôbolos Rios Que Vão, a memória é tudo o que resta ao sr. António Antunes. É mais cruel perder a memória ou conservá-la, sabendo que, como diz o poema de Camões que dá título ao seu livro, «todo o bem passado...»Ah, sim, «...não é gosto, mas é mágoa». [Pausa.] Não sei responder. Era uma mistura de emoções. [Pausa.] Sabe, na semana passada, disseram-me da editora que uma senhora que tem um cancro em fase terminal gostava que eu lhe assinasse os livros. Ou, o ano passado... recebi um telefonema de França. «Está? Chamo-me Jean Daniel.» Jean Daniel era um ídolo da minha juventude. Diretor do Nouvel Observateur. Foi através da crítica literária do Nouvel Observateur que vim a saber do boom sul-americano, que estava a acontecer nessa altura. Portanto, era um homem a quem eu devia muito. E o senhor telefona-me e diz: «Eu tenho 89 anos e gostava de o conhecer antes de morrer.» Isto é tudo tão comovente, não é? Tenho tido muita sorte. E depois são os amigos desconhecidos. No outro dia, estava à procura de uma rua até que entrei num cafezinho pequeno para perguntar. Dois homens levantaram-se e levaram-me lá. O que isto vale... Diga lá se uma pessoa merece isto... Não merece. Tinham lido os livros, é extraordinário.
No segundo capítulo, o da operação, o jogo com os tempos de que falava há pouco é mais intenso. Há uma espécie de «chuva oblíqua» entre Nelas e o hospital em que, ainda mais do que no poema do Pessoa, é evidente que o tempo passado e o tempo presente se misturam e criam um outro tempo, um terceiro tempo que é a fusão dos dois.Foi muito difícil escrever esse capítulo, não sabia como havia de fazê-lo. [Pausa.] Concordo consigo, os tempos misturam-se e há um outro tempo.
Quem está naquela cama, em Santa Maria, é o sr. António Antunes ou o Antoninho? Quem morre, quando se morre? O velho que vemos no hospital ou uma criança que já não existe mas que continua a ocupar o espaço da memória, a lembrar-se dos balões dos «Armazéns Victória Tudo Para a Mulher Moderna», de uma estrangeira loira que havia num hotel - ou de um trenó que tem escrito Rosebud?Ah! Não tinha reparado nisso.
Sabe qual é o seu balão, a sua estrangeira loira, o seu trenó?Não sei... [pausa]. Não tinha pensado nisso. Sabe, o Orson Welles disse uma coisa que foi importante para mim: «Há duas coisas que nunca filmo: pessoas a fazerem amor e pessoas a rezarem.» Não há uma descrição de sexo num livro meu. [Pausa.] Esse filme [Citizen Kane] é um milagre. Um milagre. A gente fica com aquela inveja saudável. E, ao mesmo tempo, com orgulho. Um grande artista devolve-nos uma imensa dignidade. Eu vejo sempre o concerto de ano novo, com música do Strauss, e comovo-me até às lágrimas. É uma tal vitória sobre a morte, a música do Strauss... É preciso acreditar nas pessoas. As pessoas são tão mais ricas do que elas mesmo pensam. Nós parecemos viúvas pobres: vivemos em duas assoalhadas com serventia de cozinha. E procuramos a porta em paredes que sabemos que não têm porta, e temos medo de abrir as janelas. E, depois, há assim uns cabrões, como o Strauss, que fazem isto por nós.
Há um livro da Susan Sontag (A Doença e as Suas Metáforas) em que ela diz que a antiga ideia romântica que tínhamos da tuberculose, segundo a qual a doença era provocada pelo caráter do doente, subsiste hoje, mas agora em relação ao cancro. Que a vítima é, ao menos em parte, culpada. Sentiu isso?Isso é tão verdade que eu tinha vergonha. Por exemplo, eu podia pagar menos IRS se invocasse o cancro, e fui incapaz de o fazer. Tinha vergonha. Era uma inferioridade minha. Só pensava: que diferente que isto é da guerra. Porque, na guerra, há uma coisa que está fora de mim e eu posso dar-lhe um tiro. Aqui, não posso fazer nada. Lembro-me de, quando estava a fazer radioterapia, dizer: «Morre, morre, filho da puta.» Insultava o cancro. [Risos.]
É como diz no livro? «Pode ter-se um cancro e estar alegre, ora essa» (pág. 19). Se calhar, nem há outra maneira.Eu, infelizmente, não sou uma pessoa feliz nem alegre. Tenho dois ou três amigos que são, e tenho uma inveja imensa deles. Primeiro, porque pertenço à classe dos eternos culpabilizados. Culpado de tudo. E, depois, às vezes, penso: porque é que a gente sofre tanto? E sofrer por nadas.

Logo no início do livro, diz-se: «que terrível e cómica, a morte» (pág. 14). O facto de ser cómica faz com que seja ainda terrível ou torna-a menor aos nossos olhos e por isso mais fácil de enfrentar?Ó Ricardo, não sei, ainda não morri. Mas a gente não pode levar a morte a sério. Há que aceitar a morte como a impostora que é. Uma vez perguntaram ao Hemingway o que é que ele achava da morte, e ele disse: «Outra puta.» E venceu-a. Ele dizia: um homem pode ser destruído, mas não pode ser vencido. [Pausa.] Tinha razão, não tinha?"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Just The Way You Are

Cada vez penso mais que vivemos perdidos no meio de paixoes e confundimos muitas vezes paixoes com amores... amores à primeira vista acredito que existam, simplesmente sao raros.... hoje ouvi um casal indiano que teve um casamento combinado e a quem foi perguntado se se amavam e a resposta deles foi que vão aprendendo a conviver um com o outro e que com o tempo vão acabar por conhecer tudo sobre o outro e vão amar-se... é impressionante como nos que vivemos no ocidente vivemos muitas vezes em agonia das paixoes que chegam e vão e poucos têm a sorte de se amar verdadeiramente, e este casal que nem apaixonado estava explicou de forma relativamente clara o modo como no oriente os casamentos combinados conseguem resultar, ok pode parecer para nos como um negocio, e muitos podem resultar porque as mulheres nao têm idependencia economica e sao obrigadas a viver com os maridos ou entao nao é permitido o divorcio, mas se calhar em parte eles têm razão numa coisa, as pessoas sao educadas no sentido de investirem tudo para que o casamento resulte, com o objectivo de que, com o tempo, venham a amar-se.... nao estou a dizer que concordo, porque sinto-me um ser humano de paixões, apenas acho que nós acabamos por viver tão perdidos nas paixoes que quando o amor verdadeiro chega, nao nos damos ao trabalho muitas vezes para fazer com que resulte.... somos mais egoistas nesse aspecto... e mais desistentes se é que poderei dizer assim... nao lutamos e se calhar por isso... cerca de 60% dos casamentos no mundo sao combinados ... não so porque muitos dos paises orientais têm o habito de combinar casamentos, mas porque se calhar perceberam que as paixoes sao optimas nao nos levam muito longe e geram muita flutuaçao emocional, e no oriente, sendo paises que apostam no equilibrio atraves da religiao ou actividades (yoga, tai chi, etc) encontraram a melhor forma possivel para conseguirem o equilibrio emocional... terá sido isso? ou apenas uma questao cultural que nao necessita de explicaçao??nao sei, da que pensar..... em todo o caso achei que esta musica estaria adequada ao tema....

(Tyler Ward Ft. AHMIR) - Acoustic Cover

bem melhor seria?